Pelo menos nas estatísticas, Salvador deixou de ser atração turística para muitos visitantes e se transformou em uma cidade dormitório ou de passagem. Segundo levantamento realizado pela Abih (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis-Bahia), a taxa de permanência dos hóspedes passou de 3,4 para 2,5 dias nos oito primeiros meses deste ano, em comparação a igual período de 2011, e o índice de ocupação dos hotéis despencou de 67% para 59%.
Enquanto outras capitais do Nordeste registraram crescimento expressivo no movimento de passageiros em seus aeroportos (embarque/desembarque), os números de Salvador estacionaram no mesmo patamar do ano passado. A Retomada do Turismo será o terceiro seminário do Fórum Agenda Bahia, em novembro.
Entre janeiro e julho de 2012, de acordo com a Infraero, 5.046.334 de passageiros (brasileiros e estrangeiros) passaram pelo aeroporto, ante 5.044.949 no ano passado (1.385 pessoas a mais). Salvador ainda é o principal destino do Nordeste, mas registrou crescimento irrisório de 0,02% nesse período nos aeroportos – com queda em alguns meses. Outras capitais do Nordeste, como Fortaleza, tiveram resultado melhor (confira em infográfico na página ao lado). Em Aracaju, o movimento cresceu 23%.
“A queda no turismo significa prejuízo para toda a cadeia e empobrecimento para Salvador, já que o setor responde por 15% do PIB da cidade”, diz Sílvio Pessoa, presidente do Conselho de Turismo.
Segundo os dados da Abih, há quase nove meses a taxa de ocupação dos hotéis registra queda e pelo menos 40% dos 35 mil leitos estão vazios (8% a mais em relação aos oito primeiros meses de 2011).
“Os números apenas refletem a realidade de uma cidade sem infraestrutura, praias desertas pela ausência de um parque gastronômico, segurança deficiente e sem mobilidade urbana”, reclama o presidente da Abih, José Manoel Garrido.
Na opinião de Garrido, o “abandono de Salvador” tem provocado a migração dos turistas para o Litoral Norte da Bahia, Morro de São Paulo, Chapada Diamantina e Porto Seguro. “Os visitantes desembarcam em Salvador e seguem para outros destinos. Quem, por algum motivo, resolve visitar a cidade fica decepcionado porque é abordado por viciados em drogas e, o que é pior, vê a degradação de pontos turísticos.” (Luiz Francisco/Correio)