“Chávez, a tua vitória será a nossa vitória”. Gravada em vídeo, a declaração do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu o tom ao ato realizado esta noite em apoio à reeleição de Hugo Chávez, organizado por movimentos sociais e partidos de esquerda brasileiros.
Cerca de 250 pessoas, entre jovens e antigos militantes da política nacional, como Plínio de Arruda Sampaio, se reuniram para dar declarações de solidariedade ao venezuelano, que disputa a eleição contra Henrique Caprilles. O apoio foi registrado em vídeos e fotos que serão encaminhados a Caracas para engordar a campanha do presidente venezuelano. A campanha de Chávez é feita pelo publicitário João Santana, do PT.
No centro da mesa de autoridades, estava o dirigente petista Valter Pomar, representante do Foro de São Paulo. Citando o vídeo de Lula, ele afirmou:
– É uma vitória que interessa a toda a esquerda latino-americana e mundial.
João Pedro Stédile, líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), reforçou o tom de disputa ideológica internacional dado à eleição venezuelana. Mais eloquente, chamou Caprilles de “puxa-saco medíocre dos americanos”.
– O que está em disputa na Venezuela não é uma eleição presidencial qualquer. É a disputa de dois projetos. Caprilles representa a volta da direita e a recolonização do capital americano. Do outro lado está Chávez, que representa um projeto alternativo popular latino-americano – afirmou o líder do MST.
O encontro teve a presença de partidos como o PT, PSOL e PCB. Por parte dos movimentos sociais, participaram MST, UNE e CUT. Intelectual de esquerda, o escritor Fernando Morais defendeu o venezuelano.
– Sou publicamente comprometido com Chávez, seria suspeito ao defendê-lo, mas uso os índices da ONU, que revelou que a Venezuela é o país da América Latina com os menores índices de desigualdade – disse Morais ao GLOBO.
Questionado sobre a liberdade de imprensa, o escritor defendeu:
– Sei que lá tem liberdade de imprensa tanto ou mais que no Brasil. Se você ver a quantidade de insultos diários que os jornais de lá publicam… Se alguém aqui no Brasil publicasse isso sobre a presidente Dilma, ou na Argentina ou nos Estados Unidos, daria problema.
Para Morais, a imprensa brasileira tem reforçado a ideia de que Chávez é autoritário e dá pouco espaço ao contraditório. Morais lamentou que a esquerda brasileira não tenha um jornal de grande circulação para enfrentar “essa cachorrada”. Para ele, o combate deve ser feito por blogs e sites na Internet. (Tatiana Farah, de O Globo)