CPI DO CACHOEIRA – Procuradores depõem |
O caminho do dinheiro movimentado pela organização criminosa de Carlinhos Cachoeira é um dos aspectos ainda não totalmente conhecidos pelos órgãos que investigam a rede do contraventor. De acordo com os procuradores Léa de Oliveira e Daniel Rezende Salgado, que atuaram nas operações Vegas e Monte Carlo da Polícia Federal, o grupo não foi desbaratado totalmente, sendo preciso “quebrar a espinha dorsal” da organização.
Segundo os procuradores, já se sabe que a organização cobrava parcela do lucro de casas de bingos e recebia valores em cheque, que eram enviados a uma empresa de factoring. A empresa ficava com 6% do valor dos cheques e enviava o restante para contas do grupo criminoso, que usava o dinheiro para manter o esquema de corrupção e cooptação de agentes públicos.
Conforme Daniel Salgado, conversas gravadas pela Polícia Federal mostram integrantes falando sobre essa forma de financiamento para manter o esquema.
– Eles falavam em ‘pagar um boi para passar uma boiada’ – contou.
No entanto, devido a vazamentos, muitas ações foram antecipadas, não tendo sido realizadas investigações sobre o braço financeiro da organização criminosa.
– Para desbaratar de vez essa organização é preciso sufocá-la financeiramente – disse Salgado, acrescentando que também é necessário manter o confisco dos bens do grupo de Cachoeira, que já totalizam R$ 167 milhões.
O procurador ressaltou que a demora na conclusão dos inquéritos pode favorecer o retorno dos bens aos criminosos.
Os procuradores informaram que as investigações feitas até o momento também não aprofundaram as relações da empresa Delta com o esquema de Carlinhos Cachoeira. Eles identificaram “sinais de aproximação” entre o contraventor e Claudio Abreu, representante da construtora Delta no Centro-Oeste, e também suspeitas de envolvimento da Delta com empresas de fachada.