Salvador – A Agerba decretou vigilância total e máxima atenção aos navios do sistema ferryboat e outros equipamentos do Estado em decorrência do provável rompimento do contrato de concessão da TWB com o Estado. A determinação da Agerba é para que os fiscais não deixem sair absolutamente nada dos terminais marítimos de São Joaquim e Bom Despacho sem o acompanhamento rigoroso e que os navios sejam checados constantemente. Em caso de dúvida os fiscais devem levar o assunto aos diretores da agência ou, se for o caso, à polícia.
Alguns comandantes das embarcações e marítimos da TWB, por sua vez, também estão sendo alertados, de forma amistosa, pelos fiscais da Agerba para que passem informações diárias sobre as condições operacionais das embarcações.
Há duas semanas, a direção da Agerba foi surpreendida ao ser informada que dois caminhões deixaram o Terminal de São Joaquim transportando caixas e grande quantidade de documentos do escritório central da TWB. A notícia chegou ao conhecimento da agência depois da matéria divulgada com exclusividade pelo JORNAL DA MÍDIA, com o título TWB utiliza dois caminhões para fazer ”mudança” do Terminal de São Joaquim. A Agerba fechou a porta depois de roubada.
A matéria de ontem do JM Governo fecha o ”caixão” da TWB e já escolheu empresa para o ferryboat teve grande repercussão e virou manchete em toda a imprensa. Em nota oficial, a Agerba informou que a TWB tem o prazo de 15 dias, a partir de 7 de agosto, para apresentar defesa, ante as falhas e transgressões apontadas em auditoria da Fipecafi.
”Recentemente – diz a nota – , TWB não assinou o termo aditivo contratual e após diagnóstico, realizado a cada cinco anos, ficou latente o não cumprimento de condições mínimas exigidas em contrato”.
Portanto, a TWB tem mais 15 dias para faturar no sistema ferryboat. O dinheiro só faz entrar e não sai absolutamente nada para manutenção dos navios, que estão entregues. Ontem à noite só dois em tráfego – “Rio Paraguaçu” e ”Agenor Gordilho”. Os seis demais, todos quebrados e largados nos terminais.
É clara a intenção da empresa em ganhar tempo em cima do governo, em protelar a situação.
“Se o governo não fizer uma intervenção logo, pode ocorrer um colapso a qualquer momento no ferryboat. A TWB vem demonstrando claramente que não vai investir nada e que quer empurrar a situação com a barriga. O dinheiro que entra é bom para ela. Enquanto isso, o governo vai perdendo tempo e contribuindo para agravar a situação do sistema, que é de caos. O Verão está chegando e não existe mais tempo hábil para se recuperar tantos navios de uma só vez. Quer dizer, em vez de agir, o governo fica dando prazos e mais prazos para uma empresa que acabou com o patrimônio público”, disse uma fonte do setor naval consultada pelo JM.
A direção da TWB, através de nota, disse que vai apresentar a defesa exigida pela Agerba, que estaria sendo preparada pelos advogados.
Totalmente descapitalizada, a TWB não tem a menor condições de investir nada na melhoria do sistema ferryboat. E com base no levantamento da Fipecafi, a concessionária precisará investir imediatamente R$ 37 milhões, já que desde que assinou contrato com o Estado, em 2006, aplicou apenas R$ 20 mil de recursos próprios na Bahia.
A concessionária paulista, que perdeu a concessão da travessia Santos-Guarujá, em São Paulo, por prestar péssimos serviços aos usuários, tem contrato assinado com o Estado da Bahia de 25 anos. Desde que começou a operar o sistema ferryboat é muito criticado pela opinião pública e já se envolveu em dezenas de acidentes na travessia Salvador-Bom Despacho.
O secretário de Infraestrutura, Otto Alencar, declarou:
“Não sei qual é a posição que a concessionária vai tomar, mas o governo não vai aceitar que o contrato continue como está. A TWB é permanentemente notícia como uma empresa que deixa a desejar, com má gestão, mau atendimento e até insegurança no transporte. Todos reclamam e com razão. Nós vamos tomar providências para melhorar. Se não houver correção, o governador [Jaques Wagner] já determinou que o Estado terá que tomar outro caminho”,
O governo já buscou outro caminho há pelo menos 60 dias. Uma empresa da área de navegação já acertou tudo com a Agerba para assumir emergencialmente o sistema. O JORNAL DA MÍDIA já identificou a empresa e constatou que alguns de seus representantes já estiveram algumas vezes nos terminais de São Joaquim e Bom Despacho para conhecerem a situação do ferryboat, que é a pior possível.
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