Para se recuperar do megaprejuízo de R$ 1,3 bilhão do segundo trimestre deste ano, e como não poderá contar com a recuperação total da defasagem de preços dos combustíveis, a Petrobras está implementando programas para reduzir seus custos operacionais. A presidente da estatal, Maria das Graças Foster, afirmou ontem, em conferência com analistas, que tem “sistematicamente” apresentado ao governo a diferença dos preços da gasolina e do diesel no Brasil em relação ao exterior. Com o fraco resultado, a empresa quer alterar a sua política de dividendos para os donos das ações ordinárias (ONs, com direito a voto). O objetivo é neutralizar o resultado negativo, distribuindo mais dividendos aos acionistas que detêm esses papéis, como a União, controladora da companhia.
Normalmente os resultados da Petrobras são divulgados por Almir Barbassa, diretor financeiro. Desta vez, a própria presidente fez questão de participar da apresentação, ao lado de outros diretores. Diante do primeiro prejuízo da estatal em 13 anos, Graça destacou que tem de “trabalhar a favor da paridade de preços”:
— A Petrobras está sistematicamente apresentando aos seus conselheiros a importância do repasse dos preços aos consumidores. E na última reunião do conselho (sexta-feira), mostramos que ainda há descolamento nos preços. Eu tenho feito de forma rotineira. Mas o que pensou o governo, eu não sei. A minha obrigação é estar quantificando, qualificando e informando de forma sistemática ao controlador e aos conselheiros. O reajuste tem que ser feito periodicamente e não instantaneamente, pois a política de preços é de médio e longo prazos.
Ontem, no primeiro dia após o anúncio dos resultados, as ações abriram em queda superior a 5%, mas se recuperaram. Os papéis preferenciais (PN, sem direito a voto) encerraram em baixa de 0,10% (R$ 19,92). Os ON, após cair 5,70%, fecharam em alta de 0,15% (R$ 20,70). Barbassa ressaltou que será encaminhada ao conselho proposta para alterar a distribuição dos dividendos das ações ON, cujo ganho seria baseado sob os 3% do patrimônio líquido, como já ocorre com os detentores das PNs. (O Globo)