FERNANDO GABEIRA
No princípio da semana, o UOL divulgou uma reportagem mostrando que o governo do Rio gastará R$2.260 mil com as viagens do governador Sérgio Cabral a Londres para ver as Olimpíadas.
A comitiva de Cabral será composta de 13 pessoas e só de ingressos, para as cerimônias de abertura e encerramento, vai gastar R$171 mil.
A notícia não foi publicada nos jornais do Rio mas a comentei na minha coluna na Band News, no programa de Ricardo Boechat.
No meio da semana, a mulher do governador, Adriana Ancelmo, informou, através de nota, que estava devolvendo aos cofres públicos pouco mais de R$13 mil relativo às suas despesas.
Tudo ficaria nesse pé, uma vez que os jornais e televisões do Rio não mencionariam os gastos de Cabral, se o governador fosse apenas ver as Olimpíadas.
Os gastos são muito altos, mesmo porque Cabral não será governador em 2016.
O próprio Pezão será apenas candidato, e, nessa condição, não deveria usar dinheiro público para aprender com as Olimpíadas.
Isto é algo que pode ser aprendido daqui do Rio, com uma boa análise da cobertura da imprensa mundial.
Sentindo-se blindado pela imprensa carioca no quesito gastos de viagem, Cabral aproveitou a estadia em Londres para fazer campanha por Eduardo Paes, junto a empresários para quem fez palestra.
Os partidos da oposição, PSDB, PV, DEM e PL entram hoje com uma representação no TRE denunciando a atitude de Cabral que viaja com dinheiro público e faz campanha para seu aliado.
O PSOL ainda está pensando se vai ou não representar contra o governador. Mas ao examinar o tema, perceberá que realmente existe uma base legal para protestar.
O que tornou Cabral audacioso é a certeza de que os jornais do Rio silenciariam. Eles silenciaram sobre os astronômicos gastos de viagem mas não puderam deixar de registrar sua palestra pró Eduardo Paes.
Depois das aventura de Paris, Cabral reaparece em grande estilo sempre contando com o silêncio da imprensa carioca.
Acontece que certas noticias acabam se tornando grandes demais para se evitá-las. São como baionetas, se os editores sentam em cima delas acabarão espetados.
O governo afirma que a notícia é tendenciosa porque a agencia que vendeu as passagens , Tamoyo e Turismo, é a única credenciada pelas Olimpíadas. Esta é a razão para não haver a licitação.
Mas a resposta do governador escapa do tema principal. Não se questiona apenas a falta de licitação mas os próprios custos da viagem.
Um pequeno grupo técnico deveria ser enviado a Londres para avaliar as Olimpíadas. Mas apenas para examinar temas muito especiais, que a imprensa não revela. Mas todo esse dinheiro gasto por Cabral não traz retorno compensador. É apenas uma festa. (Gabeira.com)