LUÍS AUGUSTO GOMES
Otto Alencar é um caso raro de vice. Defende o titular melhor que o próprio, como fez hoje no programa do radialista Raimundo Varela, arranjando justificativas para os atrasos da Via Expressa, do Porto Sul e da Ferrovia Oeste-Leste.
“Não foi má gestão”, disse ele, atribuindo o quadro atual às desapropriações de imóveis necessárias às obras, às restrições dos órgãos ambientais e até aos “problemas” – isto é, corrupção da grossa – encontrados no Ministério dos Transportes e na estatal Valec.
Se desapropriações e respeito ao meio ambiente não estavam previstos pelos bons gestores, então não haverá mais má gestão no Brasil. Mas nada disso evita em Otto o futurismo do governo Wagner: “Vai ser (a ferrovia) a maior obra de infraestrutura da Bahia em todos os tempos”.
As reformas necessárias de sempre – Para embasar suas explicações, o vice-governador defendeu com desenvoltura uma reforma tributária que dote os Estados e municípios de mais recursos, criticando a omissão do Congresso também quanto à reforma política e à reforma penal.
Citando Rui – Não. Não se trata do maior luminar da ciência jurídica brasileira, cujo prenome basta para identificá-lo. O Rui em questão é o Costa, primeiro candidato de Wagner à sucessão.
Ao referir-se à Valec, o vice-governador lembrou que é a empresa estatal “que toca essas obras, juntamente com a Casa Civil e a Secretaria da Infraestrutura”.
“Ferry-boat” aguarda Wagner – Otto só não conseguiu livrar totalmente o governador em relação às críticas ao sistema ferry-boat. Lembrou que o contrato foi assinado em 2006, pelo governo Paulo Souto, com validade de 25 anos, prevista uma revisão em cinco anos.
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No ano passado, portanto, foi feita a revisão. O Estado fez auditoria, promoveu cinco audiências públicas e elaborou um relatório supostamente negativo, pois foi dado à concessionária TWB “todo o direito de contestação”.
O passo seguinte foi o encaminhamento do processo à Procuradoria Geral do Estado para emissão de parecer, que já foi concluído e “está com o governador para dar uma solução”.
Queremos RDC – O secretário prometeu que as obras para a Copa do Mundo agora serão aceleradas, com a adoção do Regime Diferenciado de Contratações, que, segundo o próprio governo federal, vai “flexibilizar as regras para licitações governamentais, tornando o processo mais ágil e menos rigoroso”.
Ou seja, é exatamente aquilo que se previu e a que se assistiu desde que o Brasil foi escolhido, com cinco anos de antecedência, para sediar a competição: nenhuma providência seria tomada para que tudo viesse a ser resolvido de afogadilho, o que permitiria um acesso mais confortável ao dinheiro público. (Por Escrito)