A petrolífera americana Anadarko arquivou os planos de vender seus ativos no Brasil depois de não conseguir um preço aceitável, disse a empresa ao jornal britânico “Financial Times” nesta quinta-feira. Segundo a publicação, esse foi o sinal mais recente da perda de entusiasmo das petrolíferas estrangeiras no Brasil, apenas cinco anos depois da descoberta do pré-sal.
A recente revisão das metas de produção da estatal Petrobras e da OGX, empresa do bilionário Eike Batista, trouxeram dúvidas sobre o verdadeiro potencial das reservas do pré-sal. Ao mesmo tempo, preocuparam os investidores os processos e multas movidos contra a Chevron e a sua parceria, a Transocean, após os vazamentos na Bacia de Campos.
Segundo a reportagem, o fato de o Brasil não ter concedido nenhuma nova permissão para exploração de petróleo em alto mar desde as grandes descobertas do pré-sal em 2007 e as exigências e interferências do governo brasileiro também tornaram o país um destino menos atrativo.
O governo insiste em um alto grau de conteúdo local em novas plataformas de produção, o que eleva custos de investimento. “Há muito espaço para interferência política no setor de petróleo”, disse um executivo sênior de uma petrolífera, que não quis se identificar, à publicação.
Desapontadas, algumas empresas desistem. A Exxon Mobil abandonou seu único bloco no Brasil este ano após perfurar três poços e não encontrar nada.
Outras companhias temem se arriscar. Empresas como Statoil, Total e Marsk mostraram interesse nos ativos da Anadarko no pré-sal, avaliados em mais de US$ 3 bilhões, mas não fizeram uma oferta suficientemente alta, disse uma fonte familiar ao assunto ao “FT”.
Os poucos investidores que se deram bem foram aqueles que investiram no Brasil anos atrás e agora tornaram-se parceiros da Petrobras na exploração do pré-sal. Mas mesmo essas empresas temem as exigências do governo para o uso de peças locais nas plataformas, o que cria gargalos e torna tudo mais oneroso, diz o jornal. (Valor)