LUÍS AUGUSTO GOMES
A participação na manhã de hoje no programa de TV de Raimundo Varela mostrou o candidato do PT da prefeito, deputado Nelson Pelegrino, expondo com desenvoltura suas ideias, com melhoria expressiva na dicção, que era um de suas grandes dificuldades.
Pelegrino tratou os problemas da cidade com razoável amplitude no tempo disponível e ganhou pontos ao relacionar obras na capital executadas com os recursos de emendas ao orçamento que apresentou ou subscreveu.
Anunciou ainda uma revisão da legislação referente a posturas e uso do solo, para dar ao município “segurança jurídica”, e prometeu uma lei de parcerias público-privadas “para atrair investimentos do empresariado”.
Pelegrino falou grosso quando afirmou que “a Prefeitura arrecada mal e gasta mal”, sendo preciso “botar ordem na casa”, o que inclui a “renegociação de contratos, passando neles um pente fino, o que pode trazer uma economia de 20% a 30%”.
Relação com o poder: uma intimidação ao eleitor – Apesar do cuidado de dizer que buscará a autonomia financeira da Prefeitura, ao destacar a importância que teriam as relações do futuro prefeito com os governos estadual e federal, o candidato incorre num discurso desaconselhável, cheio de aspectos negativos.
Em primeiro lugar, não deixa de soar como uma espécie de chantagem sobre o eleitor, numa evidente desconsideração à autonomia política e liberdade de escolha de uma coletividade de quase três milhões de pessoas.
Depois, é o mesmo argumento que, no passado, foi utilizado, sob intensa crtítica do PT e aliados, pelo falecido senador Antonio Carlos Magalhães. Historicamente afastado do controle da capital pelo voto, foi também com esse trunfo que ACM colocou Antonio Imbassahy na Prefeitura em 1996.
O deputado Pelegrino citou esse alinhamento como essencial a negociações recentes do Estado com o governo federal para “trazer R$ 200 milhões para Salvador” no próximo ano – uma ação de solidariedade que tem sido muito parcimoniosa nos oito anos do prefeito João Henrique.
Mais um – Pelegrino incorporou um conceito que, ante a instabilidade e o descaso do prefeito João Henrique, tem sido muito do gosto dos competidores: “A cidade precisa de um líder”, bradou. (Por Escrito)