LUÍS AUGUSTO GOMES
As divergências internas eram muitas, mas o verdadeiro pano de fundo do racha na corrente petista Esquerda Popular e Socialista é a sucessão do governador Jaques Wagner, em que o deputado Marcelino Galo está com o secretário José Sérgio Gabrielli, enquanto o deputado Valmir Assunto prefere o secretário Rui Costa.
O clima chegou a tal nível, inclusive com ataques de natureza pessoal, que não foi possível nem respeitar o ano eleitoral, mesmo sendo o momento extremamente delicado para o PT na capital e em centenas de municípios do interior, onde o partido vive situação de desespero, agravada pela seca e pela greve dos professores.
A divisão foi sentenciada com um documento subscrito nas redes sociais por cerca de 15 nomes de representatividade no partido, denunciando não só a impossibilidade de terem um candidato a vereador, que seria o jornalista Ernesto Marques, como também a “tentativa de interdição do mandato do deputado Marcelino Galo”.
O grupo esclarece que a direção do PT foi “instada a participar e testemunhar o impasse criado” e adianta que fundará “um novo coletivo petista, que terá a tarefa imediata de disputar as eleições 2012 e constituir um espaço orgânico em que possamos abrigar nossos sonhos e esperanças”, além de apresentar “opiniões acerca de nossos governos”.
Tendência tem dois candidatos à Assembleia – Um dos detonadores do conflito foi a restrição à movimentação do deputado Marcelino em diversos municípios, até naqueles em que foi votado amplamente, sob a alegação de que a quase totalidade dos seus votos veio da ligação com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.
Na verdade, o parlamentar teve apoio do MST, mas grande parte de sua votação foi obtida em mais de 370 municípios, através de atuação junto a outros segmentos e organizações da sociedade, como o setor pesqueiro, Setha, MLT, médicos e dentistas.
Privado de representantes na direção da EPS, Marcelino vinha assistindo à perigosa – para ele – costura que a tendência realiza para lançar em 2014, em dobradinhas com Valmir Assunção, dois candidatos a deputado estadual, a secretária de Políticas para a Mulher, Lucinha Barbosa, e o dirigente partidário Ivan Alex.
PED 2013 é a disputa que vale – Quanto ao desfecho do racha, fonte de Por Escrito informa que os aliados de Marcelino tanto podem criar uma nova tendência como ingressar na Articulação de Esquerda, da qual muitos vieram e que tem como principais expressões nacionais a ex-ministra Iriny Lopes e o dirigente do PT nacional Valter Pomar.
Indagada sobre a despreocupação com a crise em plena ebulição eleitoral, respondeu que isso “não é nada” em comparação com o Processo de Eleições Diretas, que caracteriza a “democracia interna” do PT. “O PED de 2013, quando as tendências vão medir forças pensando em 2014, é mais importante. Ano de eleição é difícil, mas ano de PED é uma miséria”. (Por Escrito)