O deputado Sandro Mabel (PMDB-GO) passou a ser “investigado” por “haver indícios da possível participação” dele no golpe da creche, um esquema que lesou os cofres da Câmara por meio de irregularidades na folha de pagamento, e que foi revelado pelo Congresso em Foco. Um inquérito foi aberto no Supremo Tribunal Federal (STF) porque o Ministério Público e a Justiça encontraram indícios da eventual ação do ex-líder do PR na Câmara nas fraudes. Como mostrou este site a partir de 2009, famílias carentes no entorno de Brasília eram recrutadas como funcionárias do Legislativo pensando estarem se inscrevendo para receber benefício social para seus filhos. Ao se tornarem servidoras, a quadrilha forjava falsos auxílios-creche e vale-transporte, sacava o dinheiro e dava um valor de cerca de R$ 100 para cada criança “cadastrada no programa”. Parte do dinheiro de uma conta corrente do esquema pagou pessoas ligadas a Sandro Mabel, que também ajudou o chefe do grupo a comprar um carro.
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que começou a analisar o inquérito semana passada, disse ao Congresso em Foco que pedirá ao Supremo a realização de diligências para obter mais provas. Com esse material em mãos, ele decidirá se oferecerá denúncia contra Mabel. Uma das lacunas na papelada é a falta de um laudo que comprovaria se são verdadeiras ou falsas as assinaturas do deputado nas nomeações dos servidores cujos salários foram sacados pela “quadrilha da creche”.
Em uma das muitas variantes do golpe da creche, o inquérito 1914/11 da Polícia Federal apurou a fraude no pagamento de vale-transporte para o pasteleiro Severino Lourenço dos Santos Neto por meio do ex-motorista de Mabel, Francisco José Feijão de Araújo, conhecido por Franzé. Em parecer à 12ª Vara Federal de Brasília, o procurador da República Bruno Calabrich entendeu que o caso tinha potencial para envolver um parlamentar, ou seja, pessoa que só pode ser investigada pelo STF, “em razão de haver indícios da possível participação” de Mabel. (Congresso em Foco)