RICARDO NOBLAT
O deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) acaba de denunciar a existência da “tropa do cheque” ao comentar a decisão da CPI de Cachoeira de se recusar a ouvir por 17 votos contra 13 Fernando Cavendish, presidente da Delta, e Luiz Antonio Pagot, ex-diretor-geral do Departamento Nacional de Infra-estrutura e Transporte.
“Reproduzi o que tenho ouvido por aqui”, disse Miro a este blog.
“Tropa do cheque” seria o grupo de parlamentares suspeito de receber grana para impedir a convocação de Cavendish e de outras pessoas que possam com seus depoimentos causar embaraços ao governo ou aos políticos em geral.
Sim, Cavendish é aquele que aparece numa gravação da Polícia Federal dizendo que terá um senador na mão caso decida gastar com ele R$ 6 milhões.
– Esta CPI está com medo da verdade -, acusou Miro. Que sugeriu uma audiência informal no Congresso para ouvir Pagot. O senador Pedro Simon (PMDB-RS) aceitou o convite para presidir a audiência. Falta saber se Pagot comparecerá, como prometeu.
– Não podemos politizar a CPI – suplicou a senadora Vanessa Grazziotin (PC do B-AM).
A CPI quebrou o sigilo fiscal, bancário e telefônico dos governadores Agnelo Queiroz (PT-DF) e Marconi Perillo (PSDB-GO). Os dois haviam concordado com a quebra do sigilo.
Mas o dia de hoje ficará na história da CPI do Cachoeira como aquele onde a maioria dos seus integrantes se negou a ouvir Cavendish e Pagot.
A Delta é famosa por ter ajudado com dinheiro políticos às vésperas de eleições e partidos em dificuldades. Ela transferiu R$ 47 milhões para empresas fantasmas do contraventor Carlos Cachoeira.
No início desta semana, a Delta foi considerada inidônea pela Controladoria Geral da União.
E mesmo assim a CPI acha que não precisa chamar para depor o dono da Delta…
– A CPI se transformou numa farsa – decretou o senador Pedro Taques (PDT-MT).
– Acho que esta CPI acabou hoje, e melancolicamente – observou o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB). (Blog do Noblat)