O Teatro Gamboa Nova lotou na noite de estréia, na última quinta-feira (7) do show ‘Voltas’, da jovem cantora baiana Lua Carrilho e banda Osupá (Miltinho Carrilho (baixo), Leonardo Daltro (violão), Alan Feelng e Claudio Badega (percussão).) , que retorna ao palco, na próxima quinta (14), às 20h, no mesmo local, mostrando ao público um repertório que retrata o sertão nordestino, o semiárido baiano, que novamente enfrenta a triste realidade da seca.
Lua canta músicas de compositores que não se dedicam exclusivamente à música nordestina, mas demonstram um olhar sensível sobre a beleza e as mazelas da região. Por isso, o show, que também homenageia o Rei do Baião – Luiz Gonzaga -, no seu centenário de nascimento, traz músicas de Tom Jobim, Chico Buarque, Caetano Veloso e Gilberto Gil, além de canções autorais.
O nome escolhido para o show ‘Voltas’, segundo Lua, é repleto de simbolismo, tanto por aspectos pessoais quantos ficcionais – marca a volta da cantora a Salvador, após alguns anos morando no exterior, “ao tempo em que refere-se ao roteiro do show, narrando a saga do retirante nordestino, que deixa a sua terra na esperança de uma vida melhor, mas acaba voltando. Este mesmo roteiro foi descrito por Gonzagão, ainda nos anos 40, ao lançar o clássico ‘Asa Branca’”.
A pretensão do grupo é levar ao público da capital conhecimento sobre a cultura e a realidade do sertão nordestino, mostrando sua relevância para a construção da identidade nacional.
O show é intercalado com seus solos de flauta (ela é bacharel em Flauta Transversal pela Universidade Estadual de Campinas – Unicamp), e declamação de poesias relacionadas ao tema. No primeiro momento, Lua canta tendo ao fundo a apresentação, em um telão, de fotos do fotógrafo baiano Manoel Porto, que vem registrando a dramática situação da seca no semiárido da Bahia, prejudicando a população, a fauna e a flora de mais de 200 municípios.
A cantora explica que a pretensão do grupo é levar ao público da capital conhecimento sobre a cultura e a realidade do sertão nordestino, mostrando sua relevância para a construção da identidade nacional e, ao mesmo tempo, promover um momento de reflexão sobre os antigos e atuais problemas relacionados à seca e ao êxodo rural, fenômenos que contribuem para o agravamento das desigualdades econômicas e sociais.
“Entendemos que, através da música, exaltaremos a força da poesia sertaneja, contribuindo para o reconhecimento de uma cultura e para que, efetivamente, haja mobilização pela melhoria da qualidade de vida da região”, explica Lua.
A cantora – Dona de uma voz precisa e delicada, Lua (a soteropolitana Luara Carrilho), encanta o público com seu repertório autêntico, num trabalho marcado pela sua versatilidade e originalidade. Recém chegada da França, onde desenvolve há cinco anos projetos musicais, a cantora tem se dedicado profundamente à cultura nordestina – suas origens e desdobramentos.
No período que ficou na França, Lua desenvolveu um trabalho prático-teórico sobre as origens das danças européias no ‘baile forró’. Iniciou em 2008, em Bordeaux, um projeto com o grupo Forró da Lua, no qual canta e toca há três anos, e com ele fez a fusão de duas culturas – a música gasconne e o Forró brasileiro.
Com o forró da Lua, ela fez diversos shows, apresentando-se em festivais por toda a França como Hestejada de lãs arts d’Uzeste Musical, Moun do Brasil, forró al pais, Errobiko Festibala, entres outros. Em paralelo, se apresentou com diversos músicos no país. Lua iniciou seus estudos musicais aos 8 anos de idade, recebendo orientações de teoria musical, flauta e canto coral no Instituto de Educação Musical de Carmem Mettig Rocha.