Camila Maciel
Agência Brasil
São Paulo – A notícia que é dependente de nicotina em estágio elevado e que o nível de monóxido de carbono no pulmão o classifica como fumante pesado fez com que o vendedor autônomo Abdon Xavier, de 51 anos, tomasse a decisão de largar o cigarro, pelo menos por hoje. Ao passar pelo vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp), nesta quinta-feira (31), ele trocou seu maço de cigarro por uma flor.
Os testes que identificaram a dependência de Abdon são parte de ação da Secretaria da Saúde de São Paulo, engajada na campanha do Dia Mundial sem Tabaco. Foram distribuídas 2 mil flores.
Abdon começou a fumar aos 14 anos e nunca mais parou. “Comecei por curiosidade. Nunca tentei parar, só reduzi a quantidade, porque já fumei três maços por dia”, relata. Com o resultado dos testes, o vendedor admitiu que estava apenas confirmando o que já sabia e acenou para a possibilidade de largar o vício de vez. “Espero que seja o último. Preciso parar. É uma questão de saúde”, disse ao receber a flor e entregar o maço de cigarros.
Quem foi ao vão do Masp, além de fazer exames, também participou de palestras e foi encaminhado para um Centro de Referência em Álcool, Tabaco e outras Drogas (Cratod). Segundo a coordenadora do Programa de Tabaco do Catrod, Ivone Charran, apenas 5% dos fumantes conseguem largar o cigarro sozinhos. Ela explica que, nos centros de referência, os fumantes têm acompanhamento integral, com médicos, nutricionistas e psicólogos. “Por isso essas campanhas são tão importantes, porque impulsionam as pessoas a tomarem uma decisão”, observou.
Foi o que aconteceu com Maria Cleide dos Santos, diarista, de 30 anos. Ela aproveitou as atividades do dia para tentar o encaminhamento para o Cratod. “Foi a minha patroa que me avisou. Quero muito parar de fumar”, disse. Cleide começou a fumar com apenas 12 anos e, embora tenha tentado parar duas vezes, só passou no máximo uma semana sem cigarro.