Laudo da Polícia Federal revela que a empreiteira Delta enviou dinheiro a partir de agências bancárias no Rio a empresas de fachada no Centro-Oeste. Os pagamentos foram feitos via contas com o CNPJ nacional da Delta.
Isso fragiliza o argumento da CPI do Cachoeira para limitar a investigação sobre a Delta ao Centro-Oeste e mostra que a empresa não permitia operações financeiras sem o conhecimento da matriz.
Para o relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG), “não há indícios para a quebra ampla, geral e irrestrita [de sigilos] da Delta e do [seu dono] Fernando Cavendish”.
Se a CPI quebrar o sigilo da empresa só em Goiás ou Brasília, não devem aparecer as operações com laranjas que, segundo o inquérito, alimentavam o grupo de Cachoeira.
Uma das empresas que a PF diz ser de fachada é a Pantoja Construções e Transportes, que recebeu R$ 26,2 milhões da Delta. O dinheiro saiu de contas em agências na av. Rio Branco e rua da Assembleia, no Rio, a 300 metros da sede da empreiteira.
Em abril, Fernando Cavendish, da Delta, disse que sua empresa “rodou nesses dois anos, 2010 e 2011, R$ 5 bilhões”. Como “tem 46 mil fornecedores, esse dinheiro nesse universo é imperceptível”. (Fernando Rodrigues e Rubens Valente, Folha de S. Paulo)