Salvador – Uma verdadeira piada o que Eduardo Pessoa, diretor-executivo da Agerba, declarou sobre o aumento de 5,11% que a agência de regulação está liberando para a TWB, empresa paulista que presta, reconhecidamente, o pior serviço público na Bahia.
Eduardo Pessoa disse, segundo o jornal Correio, que só vai conceder o reajuste nas tarifas do ferryboat quando a TWB atender as recomendações sugeridas pelo relatório da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis Atuariais e Financeiras (Fipecafi), que fez a consultoria sobre a situação da concessionária. As irregularidades reais detectadas pela “consultoria” não constam no relatório da Fipecafi divulgado pela Agerba.
Imaginem, caros leitores, que a Fipecafi deixou claro que a TWB terá que investir mais de R$ 60 milhões visando melhorar um pouco o serviço do ferryboat, que, como todos sabem, foi totalmente sucateado nos últimos sete anos, mais de cinco, é bom que que se diga, durante o governo Wagner. Mas isso aí é conversinha fiada é para o governo seguir brincando com a população.
A TWB não vai investir nada, como nada investiu em seis anos de contrato assinado com o Estado. Mais adiante ela vai dizer que não tem dinheiro e aí surgirá o governo para ”encontrar uma fórmula” a fim de garantir o aporte que a TWB precisa, como fez liberando R$ 9,2 milhões em 2010. Que ninguém se supreenda se o governo não colocar a TWB como beneficiária de algum pacote da Copa do Mundo, se é que já não o fez.
É público e notório que a TWB não investiu no sistema ferryboat. Qualquer usuário, por mais humilde que seja, sabia isso. Não precisava a Fipecafi dizer agora, depois de receber R$ 700 mil por um trabalho que ninguém sabe o que realmente é – uma hora o diretor da Agerba diz que foi consultoria, depois diz que é auditoria e assim vai enganando todo mundo.
Se a Fipecafi divulga agora que a TWB precisa investir mais de R$ 60 milhões, por que a a Agerba reconhecia as mentiras da TWB e divulgava que a concessionária tinha investido R$ 118 milhões na Bahia? Será que, como agência de regulação, a Agerba não sabia que a propaganda da TWB era mentirosa? E por que permitia? E por que a Agerba publicou em seu site oficial na internet aquela mentira? Simplesmente por que compactuava e compactua com a TWB.
É impossível se acreditar no que o governo divulga e diz que vai fazer quando o assunto é a TWB. O governo segue enganando o usuário do ferry boat. O governo é totalmente comprometido com a TWB. Isso, sim, é que precisava ser analisado e investigado.
Se alguém tem culpa pelos acidentes, pelos péssimos serviços, pelo descaso para com a população, em se tratando de ferryboat, é o governo Wagner. São cinco anos de Wagner contra 2 de Paulo Souto com a TWB abusando e esculhambando na Bahia.
A TWB, – vale também para os coleguinhas jornalistas desinformados – não investiu absolutamente nada na Bahia. O contrato de concessão estipulava o valor de R$ 100 milhões em investimentos no sistema ferryboat em 10 anos.
Em mais de seis anos, a TWB gastou apenas R$ 14 mil na Bahia (R$ 14 mil, não interpretem por favor como R$ 14 milhões). Em contrapartida, a empresa fatura R$ 70 milhôes no Estado e tem lucro líquido superior a R$ 20 milhões/ano. Dizem que a TWB está mandando o que ganha nas costas dos baianos para Pernambuco, através de uma empresa aí qualquer.
Dizer que a TWB tem ligações fotíssimos com personalidades do governo Wagner é falar o óbvio. As ligações são estreitas e começam desde que um ex-ministro da Pesca do governo Lula, amigo do dono da TWB, Sr. Pinto dos Santos (imagine se galo ele fosse) fez recomendações e mais recomendações sobre a empresa que atuava na terra dele, Santa Catarina. A TWB sempre usou tráfico de influência para se “movimentar” na esfera governamental.
Na Agerba, por exemplo, usava, quando queria alguma coisa, o nome de “Vacarezza” ou de uma ex-chefe da Casa Civil do Governo da Bahia, ligada ao ex-ministro da Pesca de Lula. Citava também deputados do PT. Vários, inclusive.
“Se vocês não me atenderem, vocês estão deixando de atender não a TWB, mas ao PT”, costumava dizer um representante da empresa paulista, quando tinha algum pleito rejeitado pela Agerba. O deputado federal Marcos Medrado, aliado do governo Wagner, não escondia para niunguém:
“Eles usam como padrinho Vacarezza”.
Vacarezza, para quem não se lembra, foi o líder do governo no Congresso. E Marcos Medrado, para quem não sabe, comandou a Agerba até fevereiro do ano passado, quando perdeu todos os cargos na agência de regulação para Otto Alencar.
Um certo dia, Marcos Medrado chegou em uma audiência pública em Valença para dizer que Eva Chiavon era a madrinha da TWB na Bahia. O deputado estadual Zé Neto, atual líder do governo Wagner, estava presente. E sua irmã, Lenise Ferreira, presidente da Associação Comercial de Vera Cruz, também.
Lenise foi chamada alguns dias depois na Casa Civil, a convite do chefe de gabinete, Carlos Melo, interessado em saber sobre as críticas que a TWB tinha recebido no Baixo Sul da empresária.
E o diretor-executivo da Agerba, Eduardo Pessoa, o que tem a ver com essa história? Pessoa é tirado a não aceitar algumas coisas da TWB. Resmunga muito, mas não resolve. Parece que está na agência só para assinar papel. É acostumado a receber os recadinhos de Otto Alencar, secretário de Infraestrutura, segundo fontes seguríssimas do Jornal da Mídia na Agerba:
“Diga a ele (Pessoa) para assinar. Ele é pago pra isso”.
Entenda, por favor, caros leitores: Eduardo Pessoa não é pago pela TWB. Ele recebe salário do Estado, dinheiro do cidadão. Cerca de R$ 14 mil bruto.
Por favor, não interpetem mal. É que na hierarquia da Seinfra de Otto Alencar sempre foi assim: uma parte cuida da TWB e outra parte cuida das empresas de ônibus. Talvez o médico ortopedista Otto, se verdadeiras as suas palavras, tenha tentado dizer: “Cuide ele das empresas de ônibus”.
Eduardo Pessoa é – ou já foi – advogado das empresas de ônibus e tem relações estreitas com empresários do setor. Já defendeu várias empresas do transporte intermunicipal, inclusive em processos contra a Agerba, autarquia da qual ele é hoje o executivo principal.
É preciso se entender um pouco sobre as relações perigosas da TWB com o governo da Bahia e saber como é bom se tirar proveito do tráfico de influência. Estamos na Bahia, terra de todos nós!