O clipe “Kong”, de Alexandre Pires, era para ser mais uma peça de divulgação do trabalho do cantor, com a participação de Mr. Catra e do jogador de futebol Neymar. Mas, ao veicular a imagem do negro como gorila, o clipe tornou-se alvo de investigação da Procuradoria-Geral da República em Uberlândia (MG), onde mora o cantor. A suspeita é de discriminação racial.
No clipe, homens vestidos de gorilas saem da selva e invadem uma festa, onde, à beira da piscina, se juntam a mulheres de biquínis.
Pires, Catra e Neymar aparecem dançando o refrão “É no pelo do macaco que o bicho vai pegar”. Em alguns trechos, eles próprios aparecem vestindo roupas de gorila, sem a máscara.
Segundo o ouvidor nacional da Igualdade Racial, Carlos Alberto Silva Júnior, que fez a denúncia à Procuradoria, o vídeo expõe o negro “à condição de ser inferior”, alguém que “não se desenvolveu a ponto de se tornar ser humano”.
Para ele, a participação dos “ícones” Pires, Catra e Neymar reforça mais o estereótipo.
“Não entendo como ídolos que conseguiram superar suas condições sociais se prestam a um papel desses.” (Folha de São Paulo)