Da Redação do Jornal da Mídia
Sexta-feira, dia 13 de abril, 9 horas. Um cidadão vai até um escritório de contabilidade, localizado no edifício Atlanta Empresarial, no bairro do Stiep. Estaciona seu carro e corre, corre muito, para tentar aproveitar a tolerância de 10 minutos oferecida pela Well Park – a empresa que administra o estacionamento do local. Tanto esforço foi em vão. Por 38 segundos – isso mesmo, 38 segundos – o cidadão foi obrigado a pagar a tarifa cheia, ou seja, 10 minutos e 38 segundos de estacionamento lhe custaram a bagatela de R$ 6. E não adiantou argumentar, reclamar ou apelar para o bom senso.
Do Stiep o cidadão se dirigiu para o prédio da Receita Federal, na Avenida Tancredo Neves. Próximo dali tem um estacionamento da Prefeitura de Salvador. Valor da tarifa: R$ 2 a hora, ou seja, três vezes menos. O local é amplo, fácil de estacionar, bem diferente do empreendimento do Well Park. O rapaz pagou satisfeito.
Diante de tamanha diferença de preços, se questionou: ou alguém está perdendo dinheiro ou alguém está ganhando – exageradamente – muito dinheiro.
Tudo bem, estaciona no Well Park quem quer, quem pode, quem tem dinheiro para pagar etc. É verdade. Mas também é verdade que cabe ao poder público proteger o cidadão e, no mínimo, tentar evitar que ele seja explorado. Seis reais por 10 minutos e 38 segundos de estacionamento é sim um abuso, um absurdo.
Para quem não sabe, a Lei Municipal 8.055/2011, que já está em vigor, estabelece que os usuários de estacionamentos privados pagarão apenas pelo tempo usado, não podendo mais pagar pelo valor da “hora cheia”. O tempo de tolerância para entrar e sair do estacionamento sem precisar pagar é, a partir de agora, de 15 minutos. As empresas que descumprirem a lei devem pagar uma multa de R$ 62,2 mil e podem, inclusive, ter o alvará de funcionamento suspenso.
Piada, não? Ninguém respeita e a Prefeitura nada faz para que a lei seja cumprida. Se o prefeito tivesse pulso, R$ 62,2 mil de multa por cada estacionamento infrator já seria uma ajuda para quem anda com a cuia na mão atrás de verbas.
E aí prefeito João Henrique?
E aí Secretaria Municipal de Serviços Públicos (Sesp)? Quem vai ganhar esta batalha? Meia dúzia de estacionamentos privados ou milhares de cidadãos de bem? Até quando vai durar o abuso? Até quando esta paralisia, esta falta de ação e de fiscalização?
Propaganda do governo – O mesmo cidadão e leitor do JM lembra de um outro episódio. No final do ano passado, ele esteve no mesmo edifício Atlanta Empresarial. Enquanto aguardava o troco ele observou uma propaganda do Governo do Estado da Bahia sobre a cancela do estacionamento.
Era um trenzinho. Uma propaganda da Ferrovia Oeste-Leste – obra do governo federal, é bom que se diga, e que se arrasta como quase tudo na Bahia. “A gente entra num estacionamento, paga caro, às vezes é explorado e desrespeitado, e ainda ver o seu dinheiro sendo usado, muito mal usado pelo governo em propaganda em estacionamento. É uma aberradação”, protesta o cidadão.
Pois é, a “Terra de Todos Nós” é também, pelo visto, a terra de todos os absurdos.