Trechos de gravações feitas pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo mostram suposta ligação do chefe de gabinete do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, Claudio Monteiro, com o grupo de Carlinhos Cachoeira, suspeito de comandar esquema de jogo ilegal em Goiás.
Dois integrantes da quadrilha discutem o pagamento de uma mesada para ter benefícios em contratos milionários no setor de limpeza pública. Monteiro nega ter favorecido o grupo.
A conversa foi gravada pela Polícia Federal, com autorização da Justiça, em janeiro do ano passado, e obtidas pelo Jornal Nacional. Diretor da Construtora Delta na região Centro-Oeste, Claudio Abreu liga para Idalberto Matias de Araújo, o Dadá, um dos principais auxiliares do bicheiro Carlinhos Cachoeira.
Segundo a polícia, os dois falam sobre a nomeação de um aliado da quadrilha na direção do Serviço de Limpeza Urbana de Brasília (SLU), área de interesse da Delta. Eles citam dois nomes: Marcelão, que seria o ex-assessor da casa militar do GDF, Marcello Lopes, e Claudio Monteiro, chefe de gabinete de Agnelo Queiroz.
Dadá: “O Marcelão tá aqui comigo, entendeu. Eu tava falando para o Carlinhos, o seguinte. Ele veio da reunião com o Claudio Monteiro entendeu, então ele tava falando o seguinte, que é ideal você dar um presente pro cara. A nomeação só vai sair na terça-feira no Diário Oficial.”
Claudio Abreu: “Dada, resume. O que é que é pra dar pra ele, Dadá?”
Dadá: “Dá o dinheiro para o cara, meu irmão.”
Claudio Abreu: “Faz o seguinte. Vamos dar R$ 20 mil pra ele e R$ 5 mil por mês, pronto! Nós vamos dar R$ 20 mil pra ele agora e R$ 5 mil por mês, entendeu?”
Dadá: “Vou falar com o Marcelão aqui.”
Segundo a investigação, Claudio Monteiro foi o responsável pela indicação do nome de João Monteiro na direção do SLU. A PF não comprovou se o chefe de gabinete do GDF recebeu o dinheiro. A apuração da polícia indica que a quadrilha esperava que João Monteiro facilitasse negócios da Delta na coleta de lixo do DF.
Atualmente, a empresa tem dois contratos na área de limpeza pública do DF, no valor total de R$ 470 milhões. Os contratos foram fechados antes de Agnelo assumir o GDF.
O chefe de gabinete de Agnelo admite que recebeu Claudio Abreu e Dada em audiência. Ele afirma, porém, que nunca favoreceu a empresa ou recebeu dinheiro. “Não recebi nem providenciei nomeação. Eu não tenho nada, absolutamente nada com isso.” João Monteiro foi exonerado do SLU no fim de março.
Assessores do governador do DF foram novamente citados em outro telefonema. A conversa é entre Dadá e Cachoeira. Eles falam sobre a entrega de rádios para facilitar o contato com Marcello Lopes e Claudio Monteiro. (Portal G1)